(Por Rosiane Silva de Lima Brito)
(Arquidiocese de Campinas. Ficha-93-presença dos leigos no serviço, economia e política. Foto: Reprodução/Ficha de estudos)
A Doutrina Moral e Social da Igreja estimula os fiéis leigos a conhecer modelos de desenvolvimento econômico e social e trata da participação ativa da vida política destinada a promover o bem comum para todos. A Doutrina orienta a formação da consciência ética dos cristãos pois a participação na construção de uma sociedade justa, humana, solidária e fraterna não deve estar separada da religião, porque a fé deve estar sempre presente nas ações políticas e ambas a serviço do bem comum.
A Economia são as regras que controlam o mercado financeiro, o preço dos alimentos e objetos de consumo, do salário, dos impostos etc., às quais, de uma forma ou de outra, estamos todos vinculados. Na verdade, a economia deveria ser feita através de uma justa e equilibrada distribuição dos bens produzidos. Porém os grupos com grande poder econômico passaram a dominar também a política, garantindo a manutenção de uma economia fundada no lucro, privilegiando apenas as camadas mais abastadas da sociedade.
O trabalho humano, que biblicamente era visto como meio para garantir a dignidade da pessoa, passou a ser visto apenas como mais uma mercadoria. O trabalho braçal foi subvalorizado, sacrificando o sustento digno do trabalhador e de seus familiares. O fiel leigo deve buscar uma economia que considere a dimensão ética de servir o bem da pessoa com uma gerência racional e proveitosa da riqueza material. É urgente repensar esse sentido de economia, considerando que a pobreza é a questão que mais interpela a consciência humana e cristã e a causa de toda a desigualdade social no mundo.
É preciso humanizar e harmonizar as exigências da eficiência econômica com as da participação política e da justiça social tecendo uma rede de solidariedade com projetos de economia solidária, agroecologia e economia sustentável, agricultura familiar etc., por valorizar a vida. Um sistema que nega a bilhões de irmãos os mais elementares direitos atentam contra o projeto de Jesus e deve ser combatido pelos cristãos.
Na Doutrina da Fé, o compromisso político torna-se uma exigência do compromisso cristão, que deve ser vivido em três níveis de participação: o voto consciente, a militância comprometida com a fé cristã e a candidatura, para promover o bem comum. Os cargos eletivos devem ser assumidos em caráter de serviço à coletividade. A consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a atuação de um programa político contrárias a esse princípio. O Magistério da Igreja recomenda optar por partidos que busquem a transformação social, na perspectiva da evangélica opção pelos pobres, e que utilizem métodos participativos, dando espaço ao povo, assim como deve ser uma sociedade democrática.
Os cristãos leigos podem assumir diferentes formas de participação, desde a filiação a partidos políticos, pleiteando cargos públicos, aos interesses pelos problemas sociais, participando em conselhos movimentos sociais e populares, associações de moradores, ONGs, nas comissões de acompanhamento e fiscalização dos poderes, em grupos culturais, étnicos entre outros.
A laicidade reconhece que a sociedade é plural, e que, portanto, nenhum grupo ou instituição religiosa pode impor sua verdade. Todo cidadão pode exprimir seus pensamentos e projetos concernentes à vida social, à justiça, à liberdade, ao respeito à vida e aos demais direitos da pessoa. A política deve ter, acima de tudo, o compromisso com a dignidade da vida.
O campo político tem feito parte da missão evangelizadora da Igreja, através das CEBs, das pastorais sociais, da Cáritas, dos movimentos sociais, dos comitês de cidadania, do Grito dos Excluídos etc., que têm se tornado sinal de esperança do testemunho da fé política dos cristãos. A ética cristã entende que todo cidadão é chamado para a construção coletiva de uma sociedade democrática, justa, solidária e fraterna. Para que isso ocorra, é necessário que todos participem ativamente da vida econômica e política de sua cidade.
Concluindo: À luz dos evangelhos a economia deve ser vista como cuidado com a subsistência material e bem-estar de todos, e a política, como espaço para a realização da vida de fé, o que significa buscar a conquista dos direitos humanos, civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais de todos e todas.
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