NO BRASIL – TÉCNICO TEM VIDA DURA E CURTA
(Por João Domingos)
O tempo de trabalho de um técnico no Brasil é extremamente curto. Um treinador permaneceu sete meses no comando dos times da Série A nesta década. Desde 2012, os clubes da elite brasileira vêm trocando de técnico como se troca de roupa. A rotatividade dos técnicos no Brasil vem sendo três vezes maior que em principais ligas da Europa nestas ultimas décadas. Considerando os trabalhos europeus os clubes espanhóis e italianos foram os que provocaram a maior rotatividade de técnicos nesta década. Porém, a quantidade é cerca de três vezes menor que entre os clubes no Brasil.
Os clubes da França e da Alemanha foram os que tiveram menos mudanças de comando. Os times franceses tiveram uma média de 6,5 trabalhos por clube na década. Percebe-se que por lá se tem maior paciência com o trabalho do treinador. Já no futebol brasileiro a cobrança é grande demais, tanto da diretoria quanto da torcida, por resultados imediatos, mesmo sem estrutura e condições adequadas de trabalho. Na Europa, os clubes são profissionais e se preocupam em contratar o que tem de melhor no mercado. Já aqui o futebol é ‘amador’, contratam técnicos seguindo sugestão de conselheiros de clubes que garantem votos ao presidente. Se o técnico permanecesse mais tempo a frente do clube teria condições de criar padrão de jogo, como acontece no Barcelona e outros grandes clubes.
A falta de continuidade acaba impedindo a devida implementação do modelo de jogo de cada técnico nos seus respectivos clubes. Os dois principais motivos que causam a saída de um técnico no Brasil são as eliminações e as sequências negativas de resultados e claro, tem um terceiro motivo, a irresponsabilidade e cretinice de alguns jogadores que fazem complô contra técnicos. Na Europa, dois exemplos de trabalhos duradouros vêm da Inglaterra, com Alex Ferguson e Arsène Wenger. O primeiro ficou 27 anos à frente do Manchester United e se aposentou em 2013. Em quase três décadas de clube, Ferguson conquistou 13 títulos do Campeonato Inglês. Já Arsène Wenger permaneceu 22 anos como treinador do Arsenal até deixar o time. Aqui no Brasil poucos técnicos tiveram longevidade nos seus clubes. Ou se muda de posicionamento e aprendem abancar o tempo dos técnicos nos clubes ou continuaremos ladeira abaixo em relação ao futebol do velho continente.
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Parabéns Dr Joao Domingos por ter aceitado o nosso convite para falar de esporte na nossa coluna . Estamos juntos. Sucesso pra você.