Foto: Redes Sociais/ Reprodução
Por Larissa Ricci, Mariana Cavalcanti
A médica mineira Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39 anos, morta na madrugada do último sábado (2), em Colatina, no Espírito Santo, aparecia frequentemente com hematomas, cortes, e uma vez surgiu com sete costelas quebradas. A informação foi compartilhada com a Itatiaia pelo pai da vítima, o médico-cirurgião e ex-prefeito de Teófilo Otoni, Samir Sagi El-Aouar.
Juliana era casada com o ex-prefeito da cidade de Catuji, no Vale do Mucuri, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos. O casal estava hospedado em um hotel em Colatina, mas morava em Teófilo Otoni, onde a vítima trabalhava como médica.
“Quando eles se casaram, ele [Fuvio] se comportava de maneira estranha, às vezes agressiva, mas nada tão grave. Até que, em dezembro de 2019, ele me ligou falando que ela teve uma parada cardiorrespiratória e ele tinha feito uma massagem nela, que acabou quebrando sete costelas dela. Ela tratou isso por um ano e a gente começou a ver ele de uma forma diferente. A gente não sabe se ele bateu nela esse dia, mas ela não quis contar”, relata Samir.
À Itatiaia, Samir contou que Fuvio começou a ficar cada vez mais estranho após o casamento com Juliana. O médico contra que a filha aparecia com olho roxo e boca machucada, mas que nunca falava que o marido estava batendo nela. Em abril deste ano ela precisou passar por uma sutura com um cirurgião plástico, após aparecer com um corte profundo de 7cm na testa. Fuvio alegou que ela tinha caído.
“Recentemente, ela vinha se machucando e melhorando. Há uma semana ela me ligou pedindo para eu buscá-la na casa dele, que ela não aguentava mais. Trouxemos ela para nossa casa, ela chorou, disse que não queria mais morar com ele, que queria separação”, relata Samir.
Em 2022, o pai da vítima fez um boletim de ocorrência contra o genro, alegando que ele fornecia medicamentos, como ketamina e dimof injetável (um timo de morfina), à filha, chegando a gastar cerca de R$28 mil em remédios para uso doméstico.
‘Uma coisa chata’
O médico e ex-prefeito de Teófilo Otoni acusa o genro, também, de ter tratado toda a situação com frieza. Além de ter comunicado a morte de Juliana como “uma coisa chata”, Fuvio ainda teria conversado com o cunhado, de apenas 17 anos, pelo telefone, e feito piada com a situação.
“Ele não arrancou uma lagrima. Matou, estraçalhou e achou bacana. Acabou com minha vida, minha filha querida, com a vida da minha mulher. Não acreditei, minha filha era amorosa, bonita, linda, pequenininha, tinha 50kg e arrebentou ela toda e ainda queria fugir do hotel com ela. No telefone com meu filho, ele disse ‘essa dai não aguentou o tranco da noite’”.
Viagem para o Espírito Santo e morte
Pouco depois de Juliana ir para a casa do pai, Fuvio foi atrás dela. Segundo Samir, o homem chegou a ameaçar a esposa e ela decidiu viajar com ele para resolver a situação.
“Ela foi la para resolver e ficou com ele. Ela disse que estava tudo bem, que ele decidiu levá-la a Colatina para ela tratar de uma dor com um médico de lá. Quando foi a tarde [de sexta-feira (1º)] ela saiu do almoço, tomou um sorvete, conversou comigo pelo telefone e falou que ia dormir, que estava bem”, relembra o médico.
No outro dia, por volta das 10h, Fuvio ligou para Samir para falar que a morte de Juliana:
“Ele me liga e disse que ‘aconteceu uma coisa chata, a juliana está em óbito’. Eu desesperei, chamei o SAMU e fiquei sabendo, depois, que ele não chamou o SAMU. Ele chamou o motorista para limpar o chão, tem a câmera mostrando o motorista indo no quarto, tem ele [Fuvio] andando no corredor, sendo que ele disse que tinha dormido e não visto nada”.
O pai da vítima contou à reportagem da Itatiaia que o genro teria tentando fugir com o corpo de Juliana. Segundo Samir, Fuvio foi até a recepção do hotel e tentou fechar a conta, alegando que a esposa tinha desmaiado e eles iriam embora. A recepcionista, entretanto, insistiu em chamar uma ambulância.
“O SAMU constatou que ela estava morta, e aí chegou a polícia e prendeu ele. O chão estava cheio de material de limpeza, que o motorista tinha levado para limpar o quarto. Minha filha teve duas fraturas de cranio, quebrou os dois lados da cabeça dela, rasgou o estômago, asfixiou ela, as pernas com hematoma, picada de agulha, olhos machucados. Se o hotel não chama o SAMU e a polícia, ele teria fugido. E o motorista cheio de droga no carro”.
Adoção de filha e herança
Fuvio é viúvo e tem uma filha de 12 anos com a esposa falecida. Segundo Samir, quando Juliana se casou com o ex-prefeito de Catuji, ela concordou em adotar a criança legalmente. Agora, a menina teria direito a uma herança de cerca de R$1,5 milhão, um apartamento de aproximadamente R$800 mil e uma renda fixa. Entretanto, como é menor de idade, o valor ficaria sob responsabilidade do pai até ela completar a maioridade.
Samir acredita que a morte de Juliana foi premeditada para que ele ficasse com a fortuna. Como ela estava ameaçando pedir o divórcio, ele teria decidido “antecipar” o crime:
“A filha que é dele [Fuvio] não é dela [Juliana], mas ela adotou a menina, e a menina ficou com a herança da minha filha. A menina tem 12 anos, então o dinheiro vai ficar com o pai. Ele planejou matar minha filha e ficar com a herança. Quando ela falou em separar, ele apressou a morte dela”.
A Itatiaia tentou contato com a defesa do ex-prefeito Fuvio Luziano Serafim, mas sem sucesso. Esse espaço se mantêm aberto para posicionamento.
Fonte: Itatiaia.com